Alberto Martins TORRES - 2º Tenente Aviador
* 10/12/1919 (Norforlk, VA, EUA) - † 30/12/2001  (São Paulo, SP)

 

veteranos 45 santos

Família:

Filho de Aluísio Martins Torres e Maria Helena de Menezes Martins Torres. Casou-se logo depois da guerra com Maria Theresa Lima e tiveram cinco filhos: Alberto, Jorge (ambos falecidos), Henrique, Maria Theresa e Maria Inês. Um de seus netos, Jonas Torres, filho da Maria Inês foi ator da TV Globo dos 7 aos 17 anos, onde ficou famoso como o 'Bacana', da série 'Armação Ilimitada'. Divorciado, casou-se com Olga Barroso, mãe de três filhos: Maria Isabel, Heloisa e Hugo. 

Antecedentes: 

Aspirante a Oficial da Reserva Convocado da turma de 1942. Flho de diplomata deveria, pela orientação dos pais, ingressar no Itamaraty, o que não aconteceu. Aos 22 anos, falava e escrevia fluente e corretamente o português, espanhol, inglês, alemão, francês e turco. Durante a Guerra, na Itália, tomou aulas de italiano. Fez o curso primário em Munique, Alemanha, prosseguindo em Constantinopla, Turquia, o ginásio até o quarto ano. Regressou ao Brasil, completando o 5º ano ginasial no Colégio São Bento. Como estava orientado para ser diplomata, ingressou na Faculdade de Filosofia, onde cursou dois anos, fazendo mais dois na Escola Nacional de Direito, ambas no Rio de Janeiro. Em 1941, aproveitando acordo recentemente assinado entre o Brasil e os EUA através do qual passou-se a enviar jovens civis voluntários para serem treinados nas escolas de pilotagem do Exército e da Marinha daquele país, Alberto estava entre os oito primeiros candidatos.Embarcou em um navio cargueiro americano sem escolta, rumo a Nova Iorque cinco dias após o ataque a Pearl Harbor e com destino final a Randolph Field, Texas.Dez meses depois de intenso treinamento em Randolph Field, recebeu o diploma de piloto e a 'Silver Wing' da Força Aérea do Exército dos EUA. Foi declarado Aspirante Aviador em 08/10/1942. Com o curso de instrutor de vôo, deveria, no Brasil, ser designado para servir no Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (C.P.O.R.) da Aeronáutica, mas foi servir no 1º Grupo de Patrulha, Unidade de Combate sediada no Calabouço (atual Aeroporto Santos Dumont) equipada com Lockheed Hudson A-28 e Consolidated Catalina PBY-5. Realizou na Base Aeronaval da Marinha dos EUA, em Aratú, Bahia, um estágio operacional, tornando-se apto a cumprir missões de patrulha e cobertura de comboio como Comandante das duas aeronaves. 

Na guerra:

Exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Vermelha com o código A4. Realizou 99 missões de combate, a primeira em 06/11/1944 e a última em 01/05/1945. Cumpriu com o 1º Grupo de Patrulha 64 missões de guerra. Em uma delas, no dia 31/07/1943, pilotando um Catalina comandado por José Carlos de Miranda Corrêa (futuro companheiro no 1º GAvCa), atacou o submarino alemão U-199 a 87 Km ao Sul do Pão-de-Açúcar. No primeiro passe as três bombas de profundidade puseram o U-199 a pique. Sobreviveram 12 alemães - o comandante, mais três oficiais e oito marinheiros, aos quais foi lançado um bote de borracha inflável. O Catalina deu cobertura aos náufragos até a chegada de uma embarcação americana, o navio-tênder de hidroaviões USS Barnegat (AVP-10), que os recolheu como prisioneiros de guerra. Pelo feito, Torres e Miranda Correa receberam do governo dos EUA a Distinguished Flying Cross (DFC), entregues no Panamá. Em princípio de 1944 deixou o 1º Grupo de Patrulha, seguindo como voluntário para servir no 1º Grupo de Aviação de Caça, que iria combater na Itália. Voou na Unidade 99 missões de guerra ofensivas e uma defensiva, completando um total de 100 missões. Foi um dos vinte pilotos que partiram de Pisa em 18/06/1945 com destino aos EUA para trazerem em vôo os novos P-47D-40 para o Brasil.

Citações de Condecorações Recebidas

Distinguished Flying Cross
General Order 69 de 18/06/1945

"Por heroísmo quando participava de uma esquadrilha como piloto de um P-47 em 29 de abril de 1945. O Tenente Torres voava como líder de elemento numa formação de quatro aviões destinada a executar um reconhecimento armado na parte leste do Vale do Rio Pó, Itália. Somente por sua grande habilidade de voo a baixa altitude foi possível a formação operar através de densas e baixas nuvens à visibilidade reduzida, bem como de intenso fogo de armas automáticas e manuais. Cerca de cento e cinquenta veículos e grande concentração de tropas bem protegidas com antiaérea foram encontradas tentando atravessar o Rio Pó. O Tenente Torres executou repetidos ataques a despeito do intenso fogo de barragem. Apesar de ter sido seu avião atingido várias vezes, ele fez ataques em cima de ataques face à intensa barragem de fogo até que um impacto destruiu completamente um cilindro e danificou o sistema de óleo. O Tenente Torres chamou outra formação amiga e permaneceu sobre o alvo até ser substituído pela outra esquadrilha, então, certificando-se que o inimigo havia desistido de cruzar o rio daquela vez. Debaixo de pesado fogo antiaéreo o Tenente Torres e sua esquadrilha destruíram trinta veículos e danificaram outros quarenta. Sua devoção ao devere, permancendo com sua aeronave defeituosa sobre o alvo até a chegada da formação amiga, reflete grande crédito para is bem como para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 1º Cluster
"Por atuação meritória quando participou em uma missão de guerra como piloto de P-47 em 22 de janeiro de 1945. O Tenente Torres voou em uma formação de oito aviões destinada a bombardear depósitos de munição e gasolina. O Tenente Torres destruiu um dos depósitos completamente. Os ataques efetuados pela formação destruíram um total de cinco depósitos, um edifíciuo e vários cortes na estrada de ferro. Numa verdadeira demonstração de agressividade, a formação destruiu mais três veículos motorizados e danificou dois outros bem como a uma locomotiva. Sua coragem, espírito combativo e habilidade profissional refletem grande crédito para sua pessoa e para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 2º Cluster
"Por atuação meritória durante a participação de um voo como piloto de um avião do tipo P-47 em 30 de janeiro de 1945. O Tenente Torres, como guia de uma formação de quatro aviões destinada a bombardear em mergulho uma ponte de estrada de ferro vital para o inimigo no norte da Itália, atingiu o alvo apesar do mau tempo e da barragem que restringiam a visibilidade. Como resultado dos mergulhso precisos, dois impactos diretos sobre a ponte foram conseguidos e um outro impacto danificou uma das aproximações para essa ponte. O Tenente Torres, pessoalmente, conseguiu um dos impactos diretos sobre a ponte. Durante o regresso à base, guiou a esquadrilha audaciosamente em ataques rasantes a transportes e barcaças do inimigo, infligindo sérios danos a todos os alvos atacados. O Tenente Torres demonstrou uma invulgar capacidade de guia, superior habilidade para combate que caracteixam numerosas missões de guerra que levou a efeito contra o inimigo. Sua devoção ao dever reflete grande crédito sobre a sua pessoa e sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 3º Cluster
"Por ação meritória quando em missão contra o inimigo pilotava um avião P-47 em 28 de abril de 1945. O Tenente Torres fazia parte de uma esquadrilha de quatro aviões com a missão de atacar alvos de oportunidade na região nordeste do Vale do Pó, Itália. O mau tempo existente em cima desta região forçou a esquadrilha a voar a baixa altitude. Apesar deste obstáculo a formação desencadeou um ataque contra uma concentração de veículos inimigos com grande sucesso. O forte fogo antiaéreo não impediu que a esquadrilha destruísse totalmente vinte veículos, incendiando-os ou explodindo-os, danificasse oturos e mais dois carros de abastecimento de tração animal. só regressando à base depois de certificar-se que as metralhadoras estavam vazias. O Tenente Torres, com sua precisa pontaria, destruiu e danificou grande número desses veículos. Sua coragem e entusiasmo demonstrados em combate refletem de modo bastante meritório não somente sobre ele como sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 4º Cluster
"Por atuação meritória durante a participação de um voo como piloto de um avião do tipo P-47 em 30 de janeiro de 1945. O Tenente Torres, como guia de uma formação de quatro aviões destinada a bombardear em mergulho uma ponte de estrada de ferro vital para o inimigo no norte da Itália, atingiu o alvo apesar do mau tempo e da barragem que restringiam a visibilidade. Como resultado dos mergulhso precisos, dois impactos diretos sobre a ponte foram conseguidos e um outro impacto danificou uma das aproximações para essa ponte. O Tenente Torres, pessoalmente, conseguiu um dos impactos diretos sobre a ponte. Durante o regresso à base, guiou a esquadrilha audaciosamente em ataques rasantes a transportes e barcaças do inimigo, infligindo sérios danos a todos os alvos atacados. O Tenente Torres demonstrou uma invulgar capacidade de guia, superior habilidade para combate que caracteixam numerosas missões de guerra que levou a efeito contra o inimigo. Sua devoção ao dever reflete grande crédito sobre a sua pessoa e sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A. 

No pós-guerra: 

Entre as várias atividades civis exercidas no pós-guerra fundou a empresa de aviação TABA (Transporte Aéreo da Bacia Amazônica) com um Catalina e um DC-3. Vendeu-a em poucos meses e rematriculou-se na Escola Nacional de Direito, completando o curso anteriormente interrompido. Já formado, foi nomeado para chefiar o programa de Agricultura do "Ponto 4" (Acordo Brasil x EUA) dirigindo com sucesso setor totalmente diferente de suas atividades anteriores. Foi funcionário destacado na empresa Texaco do Brasil S.A., como gerente do Departamento de Planejamento e Vendas; durante a campanha eleitoral para presidente da república de Juscelino Kubitschek (JK), foi seu piloto comandante, tendo como copiloto o veterano do Senta a Pua, Cap.Av. João Milton Prates. O DC-3 de JK voou cerca de 870 horas, pousando muitas vezes em pistas não autorizadas, que somente os três (incluo JK também) poderiam correr tal risco. Dizia, em tom de brincadeira, que em termos de perigo os vôos da Campanha de JK ganharam dos que enfrentou na Campanha da Itália.
Em 1966, implantou no Brasil a multinacional Brink's - Transporte de Valores S.A., empresa pioneira nessa atividade no Brasil. A matriz americana deu-lhe plenos poderes para escolher sua equipe. Ele a recrutou entre companheiros da reserva da FAB, nas pessoas de quatro veteranos do Senta a Pua: Joel Miranda, Theobaldo Antonio Kopp, Josino Maia de Assis e José Meira de Vasconcellos. Implantou-a, assumindo a função de superintendente, exercendo-a por mais de um quarto de século, tendo sempre como fiéis escudeiros seus camaradas de guerra. Durante seu tempo de Brink's projetou um modelo de carro forte, cujo protótipo foi construído sob sua supervisão e aprovado pela matriz nos EUA.
Antes de falecer, o então comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça - Ten.Cel.Av. Marcio Brizola Jordão - em outubro de 2001, prestou-lhe significativa homenagem, mudando o nome do TROFÉU DO PILOTO MAIS EFICIENTE, prêmio conferido anualmente no final da instrução ao melhor piloto de caça da Unidade, para TROFÉU ALBERTO MARTINS TORRES. Já bastante doente, não pôde comparecer à cerimônia de entrega. Faleceu em 30/12/2001 e seu corpo foi cremado em São Paulo.
A seu pedido, suas cinzas foram lançadas no mar, nas cercanias do Aeroporto Santos Dumont, antiga sede do 1º Grupo de Patrulha, a primeira Unidade em que serviu como oficial da FAB. A urna foi conduzida de São Paulo pessoalmente pelo Comandante do IVº Comando Aéreo Regional (COMAR) para a Base Aérea de Santa Cruz, que a recebeu com a presença do Comandante, uma Guarda de Honra, todo pessoal do 1º Grupo de Caça, 17 veteranos da Itália, um veterano da 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO), um representante da FEB, o presidente da Associação Brasileira dos Pilotos de Caça, três pilotos de patrulha, velhas guarda dos idos de 1942 (Ivo Gastaldoni, Sergio Schinoor e Gastão Veiga) e representantes de órgãos de comunicação da FAB. O Buffalo que conduziu a urna ao local da cerimônia foi escoltado por dois aviões de patrulha P-95 "Bandeirulha" do 4º/7º G.Av. e dois F-5 Tiger supersônicos do atual 1º Grupo de Aviação de Caça. Em seguida ao lançamento das cinzas, uma coroa de flores também foi lançada, homenagem do Comandante da Aeronáutica e de seus comandados.

Promoções:  

02/10/1942 Aspirante Aviador da Reserva Convocado
29/11/1943 2º Tenente Aviador da Reserva Convocado
16/07/1945 1º Tenente Aviador da Reserva Convocado

Condecorações: 

med ordem do merito aeronautico comendador Ordem do Mérito Aeronáutico - Comendador
med cruz aviacao a Cruz de Aviação Fita 'A'
Cruz de Aviação Fita 'B'
med campanha italia Medalha da Campanha da Itália
Medalha da Campanha do Atlântico Sul
med puc Presidential Unit Citation (EUA)
med dfc usa Distinguished Flying Cross (EUA)
med air medal usa Air Medal (EUA)
Croix de Guerre Avec Palme (França)